Como Crer em Jesus Cristo

Baseado em João 12

Jesus havia ressuscitado Lázaro havia pouco tempo. O fato estava bem vivo na mente dos habitantes da aldeia de Betânia e Jesus, seis dias antes da sua morte, foi novamente àquela aldeia e pessoas daquele lugar lhe fizeram uma ceia, refeição que era servida ao cair da tarde.

Maria, Marta e Lázaro estavam presentes. Era um momento festivo em que foram reunidos o benfeitor e os agraciados por ele. Isto fez com que muita gente se reunisse ali para ver Jesus, o que ressuscitara, e Lázaro, o que foi ressuscitado. Em seu Evangelho, o apóstolo João registra que muitos dos judeus criam nele por causa da ressurreição de Lázaro.

Dali Jesus partiu para Jerusalém, pois se aproximava a hora do seu sacrifício. A notícia de sua ida a Jerusalém se espalhou e chegou até lá (eram apenas seis quilômetros de distância). Muitas pessoas, então, se prepararam para recebê-lo festivamente: pegaram ramos de palmeiras e foram ao encontro dele, juntando-se à multidão que já o seguia, que tinha presenciado o milagre da ressurreição, e testificava que Jesus ressuscitara Lázaro dos mortos (v. 17). Todos voltaram e entraram em Jerusalém aclamando-o como “o rei de Israel que vem em nome do Senhor” (v. 13) e mais pessoas, ouvindo do milagre da ressurreição, juntou-se à multidão.

Algumas pessoas de origem grega que tinham ido a Jerusalém por ocasião da festa da Páscoa, quiseram ver a Jesus e procuraram alguns discípulos dele. Os discípulos foram até Jesus levando o recado dos gregos, mas Jesus, ao invés de mandar que fossem até ele, começou a proferir ensinamentos a respeito da sua morte, da conquista da vida eterna e, após se ouvir a própria voz de Deus anunciando a glorificação de Cristo, do juízo deste mundo.

Em meio à narrativa deste episódio e dos ensinamentos de Jesus, João registra algo muito interessante: O apóstolo escreveu que “ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele.” As pessoas viam Jesus, estavam com Jesus, sabiam do seu poder, experimentaram o poder dele, mas não criam nele. Então, saber que existe, saber do poder, testificar do poder e experimentar o poder não significa crer em Jesus porque crer nEle exige determinados sentimentos e atitudes que podem ser compreendidos à luz das palavras do próprio Senhor Jesus.

I. JESUS É PARA SER CRIDO COMO AQUELE QUE MORREU PARA GERAR VIDA – v. 20-24

Jesus veio ao mundo para morrer. Não para morrer de velhice, ou de causas consideradas naturais, ou por acidente, porém morrer por sua própria vontade que colocou em submissão à vontade do Pai. Morrer em sacrifício vicário, substitutivo, morrer por causa dos nossos pecados. Não por causa dos pecados dele próprio porque nunca pecou, mas por causa de nós homens e mulheres pecadores. Ele utilizou uma figura da natureza para simbolizar o motivo pelo qual morreria (v. 24): para que pela sua morte muitas vidas pudessem surgir.

Saber somente que Jesus veio ao mundo, que viveu aqui, que fez muitos milagres, que morreu na cruz, que ressuscitou e voltou aos céus, que continua sendo o Todo-Poderoso, desfrutar do poder dEle, não significa crer em Jesus. O que deseja crer em Jesus tem que entregar a vida a Ele, como aquele que morreu para que pudéssemos viver eternamente. Tem que entregar a vida a Ele reconhecendo, tendo fé, que somente pela morte dEle uma pessoa pode nascer de novo (João 3:3) e viver eternamente.

II. SÓ PODE CRER EM JESUS QUEM ESTÁ DISPOSTO A TROCAR A VIDA NESTE MUNDO PELA VIDA ETERNA – v. 25

Após comparar-se com o grão de trigo que morreria para que pudesse gerar vidas, Jesus alertou para o fato de que uma pessoa que ama a sua vida, fatalmente há de perdê-la, e uma pessoa que aborrece, despreza a sua vida, há de guardá-la para a vida eterna.

Com estas palavras Jesus está ensinando:

1. Que a vida que ele concede é eterna e não passageira. Ele não entregou a sua própria vida que era eterna para produzir vida passageira. Isto não teria lógica. Vida eterna tem que gerar vida eterna.

2. Que o amor à vida terrena faz com que a vida eterna seja perdida. Amor produz apego, produz dedicação. Ora, a vida que desfrutamos sem Cristo é passageira porque fomos gerados por seres mortais, sem vida eterna. É vida terrena. Se nos apegarmos ao que é passageiro, deixaremos o que é eterno passar e perderemos fatalmente. Jesus Cristo quer dar a vida eterna, morreu para isto, mas se uma pessoa quiser desfrutar do poder de Jesus somente para este mundo, o que Ele oferece de mais valor será perdido.

3. Que o desapego à vida terrena faz com que a vida eterna seja resguardada. Nós nascemos para viver eternamente. A eternidade vale muito mais que a temporalidade. Então precisamos viver neste mundo, precisamos cuidar da nossa vida terrena, podemos desfrutar do que Deus nos concedeu neste mundo, mas não podemos nos apegar tanto à vida terrena a ponto de deixarmos passar a vida eterna. Não podemos deixar Jesus passar em nossa vida sem nos entregarmos a Ele para que nos conceda a vida eterna. Não podemos permitir que valores terrenos, humanos, passageiros, nos impeçam de entregar a vida a Jesus Cristo como Salvador de nossas vidas eternas.

Para nos desapegarmos da vida terrena, Jesus mostrou que é necessário trocar as trevas pela luz (v. 35 36, 46). Jesus é a luz que veio ao mundo e faz com que todo aquele que crê nele não permaneça nas trevas. Isto significa que não tem Jesus está em trevas. Mas, Jesus é a luz que tem um tempo determinado para ficar à disposição de quem quer trocar as trevas pela luz. Ele disse que “a luz ainda está convosco por um pouco de tempo”, significando que é necessário que a troca seja urgente.

Além desta troca, das trevas pela luz, o texto nos mostra, através de um exemplo de comportamento, que precisamos, também, trocar a glória dos homens pela glória de Deus (v. 42,43). Um grupo de pessoas creu em Jesus, mas não confessaram que creram “porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.” Quem crê em Jesus Cristo para a vida eterna precisa confessá-lo diante dos homens (Mateus 10.32). Aquelas pessoas não creram de fato em Jesus porque deixaram de trocar a glória dos homens pela glória de Deus, e a glória de Deus está em Jesus Cristo (v. 28).

III. JESUS É PARA SER CRIDO ATRAVÉS DA PREGAÇÃO DO EVANGELHO – v. 47,48

Há uma crença de que quando se vê um milagre, crê-se mais em Jesus. Não é verdade. Todas aquelas pessoas viram a ressurreição de Lázaro e muitos outros milagres de Jesus, ou ouviram de quem viu os milagres e não creram. Pelo contrário, ficaram tão incrédulas que logo depois estavam gritando para Pilatos crucificar a Jesus.

Quem deseja crer realmente em Jesus precisa trocar a visão humana pela pregação de Jesus, pelas palavras dele. A visão humana é distorcida pelos interesses humanos, é impedida pela cegueira espiritual, enquanto que as palavras de Jesus produzem a vida eterna (João 5:24).

Além disso, o julgamento do mundo terá as palavras de Jesus como elemento de justiça. Foi ele quem disse: “quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.”(v. 48) E foi o próprio Senhor Jesus quem explicou o motivo de a sua pregação ser o padrão de justiça para o julgamento final: porque o que ele pregou, o que ele falou, foi mandado pelo Pai, pelo próprio Deus. Ou seja, as palavras de Cristo são as palavras de Deus. E como pode uma pessoa receber a vida eterna, para viver junto com Deus para sempre, rejeitando a sua palavra?

Concluindo, só crê de fato em Jesus aquele que o busca para ter a vida eterna, que crê na sua morte como sendo o único meio de gerar a vida eterna; aquele que o busca com o firme propósito de trocar a vida terrena, passageira, pela vida eterna; quem crê nele não por experimentar milagres, ou por ver milagres, mas por dar ouvidos às suas palavras. E a sua palavra se resume em salvação do mundo para a eternidade (v. 47)

Pr.Dinelcir de Souza Lima