Como entrar no assunto da Salvação

Com que palavras ou de que maneira podemos nos dirigir ao pecador, ao iniciar o assunto da salva­ção? Há quatro fatores que determinam isto:
1.    O tempo disponível
2.    O local
3.    As circunstâncias
4.    Os tipos de pessoas
A melhor maneira de aprender a entrar no as­sunto é praticando. O maior erro de todos é deixar passar a oportunidade e não tratar do assunto da salvação. Estudemos um por um, os quatro fatores que determinam a entrada no assunto da salvação:
1. O TEMPO DISPONÍVEL
1.1. Quando há muito tempo 
Havendo muito tempo, é mais interessante e proveitoso travar primeiro conhecimento e ganhar a confiança da pessoa, antes de entrar no assunto. Isto levará pouco tempo. Seja como for, é bom atender para Tg 4.14.
1.2. Quando há pouco tempo
Num transporte na cidade ou em situação se­melhante, em que o tempo é reduzido, e provavel­mente não veremos a pessoa outra vez, o melhor é entrar logo no assunto. Às vezes o próprio pecador, ao mencionar um acontecimento, fornece o tema para a entrada no assunto. É melhor entrar no as­sunto assim, de modo natural, do que nós mesmos darmos origem.
1.3. Quando há um mínimo de tempo
Em situações em que não é possível falar senão algumas palavras, pode-se dar início ao assunto por meio dum folheto, jornal ou porções das Sagradas Escrituras. Quantos têm sido salvos por meio da página impressa, e, de modo especial, as Escritu­ras? Os folhetos deverão levar o carimbo com ende­reço da igreja. Devem ser examinados primeiro.
É evidente que em qualquer desses casos é pre­ciso orar e ter a direção do Espírito Santo. Deus tem interesse nesse tipo de trabalho e nos conduzi­rá devidamente. Nunca, irmão, perca a oportunidade, mesmo tendo um mínimo de tempo. Os fatos revelam que em cada minuto que passa, pessoas morrem sem salvação! Isto dá 9.000 por hora e 216.000 por dia.
2. O LOCAL
Exemplos:
2.1. Passando próximo a festas e outros locais de diversão
Mostrar que a vida aqui é passageira e que bre­ve estaremos na presença do nosso Criador. O mundo passa e seus prazeres também. Ao findar a vida aqui, iremos prestar contas a Deus. O gozo terrestre é efêmero. Textos: Ec 11.9; 12.1; Jo 14.17; Rm 14. 12; Tg 4.4; 1 Jo 2.15-17.
2.2. Num hospital, ou local semelhante
Podemos entrar no assunto falando do Médico Divino que cura a doença da alma – o pecado pior, sem comparação, do que a doença do corpo. Mos­trar que o preço dessa cura Ele já pagou por nós. Textos: Sl 103.3; Is 53.5; Mt 6.33; Lc 5.17-26.
2.3. Na igreja, na hora do culto
Podemos convidar, conduzir à frente, etc. Numa hora dessa devemos ter toda prudência para não perturbar o culto nem o pregador. Uma per­gunta muito costumeira é: “O Sr. já pensou em aceitar Jesus como seu Salvador?” Nunca se deve perguntar “O Sr. já é crente?” Uma pessoa pode ser crente em vários sentidos.
Outra coisa que podemos fazer durante o culto é orar pelo pregador e pelos pecadores, para que Deus opere em ambos. Na hora do apelo, muitos não têm coragem de se manifestarem, apesar de sentirem a chamada de Deus para a salvação. Numa hora des­sas, Deus pode guiar-nos a tais pessoas e ajudá-las, assim como dirigiu o evangelista Filipe na estrada deserta de Gaza. Para que Deus nos use assim, é preciso estarmos conforme Is 6.8b.
3. AS CIRCUNSTÂNCIAS
As circunstâncias e fatos do momento à nossa volta servem para introduzir o assunto da salvação. Exemplos:
3.1. A natureza ao redor, isto é, montanhas, mar, céus. Podemos começar declarando que Deus fez isso para a sua glória e para o bem do homem (Gn 1.26,28; Sl 19.1).
3.2. A falta de tempo que todo mundo reclama. Podemos começar declarando que Deus deve ter toda prioridade do nosso tempo, e que o assunto da salvação não deve ser adiado, porque quando Ele nos chama para a outra vida, não podemos dizer não. Textos: Is 55.6; Jr 8.20; Am 4.12; Mt 25.10-12.
3.3. Se o assunto é o espantoso progresso da Ciência, podemos começar dizendo que isto é sinal do fim dos tempos, segundo a Palavra de Deus. Textos: Dn 12.4; Lc 21.11.
3.4. As catástrofes que acontecem cada vez mais amiúde aqui e ali, como tufões, inundações, terre­motos, epidemias, etc. Também são sinais do fim e avisos de Deus, dado o aumento do pecado na face da terra. Textos: Jl caps. 1 e 2.
3.5. O estado de tensão, guerra fria (e quente), inquietação, levantes, greves, tumultos pelo mundo afora. Perigos de guerra atômica e suas conseqüên­cias imprevisíveis. Podemos falar de Cristo – o abri­go seguro e eterno contra todos os perigos e incerte­zas. Textos: Sl 91; 94.22; 121; Jo 14.1. Podemos mostrar que a paz vem pela justiça (Is 32.17).
3.6. Em ambiente de tristezas e dificuldades, podemos afirmar que, para os fiéis do Senhor, isso breve findará e entrarão no gozo eterno com o mes­mo Senhor. Textos: Rm 8.18-23; Ap 7.15-17.
3.7. Em caso de morte ou falecimento, podemos afirmar que para os que estão com Cristo, a morte é o outro lado da vida – e de uma vida melhor. Tex­tos: Jó 19.25,26; Lc 16.22,23; Fp 1.21-23.
3.8. Em caso de morte repentina, inesperada, podemos falar sobre a necessidade de se estar pre­parado para encontrar o nosso Criador a qualquer instante. Textos: 1 Sm 20.3; Am 4.12; Mt 25.10; Lc 12.20.
3.9. Se o assunto é política em geral, podemos falar do Rei dos reis e Senhor dos senhores, que em breve reinará com justiça e paz perfeita. Textos: Is 9.6; 11.1-9; Jr 23.5; Lc 1.32,33; Ap 19.15,16.
4. OS TIPOS DE PESSOAS
São três os tipos ou classes de pessoas com que temos de tratar:
·         Não-crentes
·         Crentes
·         Desviados
Estes tipos ou classes de pessoas são um dos fa­tores que determinam a maneira de entrarmos no assunto da salvação. Vejamos cada um.
4.1. Os não-crentes
4.1.1. Os que não conhecem o Evangelho. Se são pessoas sinceras, brandas, gentis e que sinceramen­te desejam ser salvas, use o “Plano da Salvação” no capítulo seguinte deste curso. Mais alguns textos: Is 55.6; Jo 7.37; Hb 7.25; Ap 22.7. Se são pessoas in­diferentes, despercebidas, desinteressadas, cheias de desculpas, zombeteiras, religiosas ou opostas à religião, podemos começar mostrando-lhes que:
A vida pecaminosa conduz à condenação eter­na. Textos: Mt 7.22,23; Rm 6.23; 1 Co 6.9,10; Ap 21.8.
Que Deus os ama apesar de seus pecados. Mi­lhões de descrentes fogem do Evangelho porque fi­cam convencidos de que Deus não os ama, antes os odeia. Sabemos que isso procede do Diabo. Se qual­quer ser humano perguntar “Deus me ama?”, Deus responde apontando para seu Filho morrendo no Calvário por todo mundo. Textos: Jo 3.16; Rm 5.8.
- O resultado final de persistir no pecado. Pode­mos ver isso em Rm 2.4,5; 6.23; Tg 1.15.
4.1.2. Os que conhecem o Evangelho, isto é, co­nhecem, mas não sáo salvos. São os freqüentadores de igrejas; os que têm o Evangelho apenas como uma religião e nada mais. São crentes nominais. Preci­sam levar a sério Lc 13.3; Jo 3.5; At 3.19. Neste gru­po estão os filhos de crentes, bem como pessoas nascidas e criadas em ambiente ou lar cristão, mas não nascidas de novo. Não sabem se estão salvas. Sabe o leitor se está salvo mesmo? (1 Jo 5.19). Para tratar com uma pessoa assim, que conhece o Evangelho mas não é convertida, é mais interes­sante fazer primeiro amizade com ela e ganhar sua simpatia, e, então, com intimidade, falar da salva­ção de sua alma. Isto tem aplicação especial aos fi­lhos de crentes, não convertidos. Normalmente, pessoas como as que acabamos de mencionar costu­mam dizer, quando alguém lhes fala do Evangelho: “Conheço a Bíblia, a igreja e os crentes, e quando eu quiser, serei crente”. Outras se aborrecem, reti­ram-se ou procuram evitar que alguém lhes fale do Evangelho. Por isso, é melhor conquistar primeiro sua simpatia antes de falar-lhes.
4.2. Os crentes
O evangelismo pessoal entre crentes salvos tem aspecto um pouco diferente. É tão-somente assis­tência e auxílio espiritual através das Escrituras. Mais uma vez é preciso conhecermos devidamente o Livro Sagrado para que o Espírito Santo use o texto que Ele quiser. Isso pode acontecer de várias maneiras.
Às vezes o crente enfrenta lutas, provações, so­frimentos, tentações, correções, etc. São casos como o de José, o filho de Jacó; os de Jó, Jeremias, Paulo, Abraão e muitos outros. Ao visitarmos um crente assim, não é um texto qualquer que vamos ler, mas o adequado para o caso. A Bíblia tem men­sagens para cada caso, seja qual for. Conhecendo a Bíblia e agindo na dependência do Espírito Santo, tudo nos irá bem. Há pessoas que, ao verem qual­quer adversidade na vida dum servo do Senhor, a única coisa que sabem dizer é que há pecado ou que ele está pagando o que deve. Observe a gentileza de Jesus para com os sofredores em Mt 12.20. Adiante trataremos mais a fundo dos textos apropriados para tais circunstâncias, mas aqui estão alguns: Sl 50.15; 72.12-14; 91.15; Jo 16.33; Fp 1.2; Cl 1.24; 1 Pe 1.6,7; 5.8-10. Observe o conforto que Jônatas le­vou a Davi, em 1 Sm 23.16.
4.3. Os desviados
Estes são os que, uma vez salvos, deixaram o ca­minho do Senhor. Se eram membros da igreja, fo­ram disciplinados. Nessa situação, ficam sem co­munhão com a igreja. Se não eram membros, estão sem comunhão com o Senhor da mesma maneira. Pode haver casos de exclusão ilegal, como em 3 Jo vv. 9,10.
Para tratar com tal classe de pessoas, é de mui­ta importância procurar saber primeiro a causa de se desviarem. Aqui estão alguns dos motivos:
a.    Não terem recebido a devida orientação espi­ritual (Ez 34.5,6).
b.    Manterem amizade e comunhão com incré­dulos (2 Cr 19.2; 1 Co 15.33; 2 Co 6.12-17; Tg 4.5).
c.    Vida espiritual superficial (Lc 8.13). Crentes assim, ofendem-se por qualquer coisa; aprendem a se queixar de tudo, e escandalizam-se ao verem maus exemplos ou quando fatos e acontecimentos transcendem sua compreensão. Exemplo: At 7.52, 60; 12.2.
d.    Desobediência consciente à Palavra de Deus (Pv 4.6). Se isso continuar, a queda não demorará muito. A desobediência cega a visão espiritual. Um crente assim, vê o mal nos outros, mas não o vê em si próprio.
e.    Exaltação ao ser abençoado, e esquecimento de Deus. Há muitos que, ao serem abençoados nos negócios e nas coisas materiais, atribuem tudo isso aos seus esforços e capacidade, e não à bênção de Deus. Exemplo: o rei Uzias (2 Cr 26.14-16).
f.     Viver vazio e seco espiritualmente. Uma casa, sem habitantes, logo se torna abrigo de insetos, ani­ mais e sujeira. O mesmo acontece com a vida espi­ritual. O Diabo sempre tem material para encher quem anda vazio. Há um provérbio que diz: “Uma vida vazia é oficina do Diabo”. (Lede Lc 11.24 e Ef 5.18.)
g.    Falta de discernimento e percepção espiri­tual. Exemplo: Jo 6.66-69.
h.    Encanto, admiração e apego pelo mundo e suas coisas pecaminosas (Tg 4.4-6; 1 Jo 2.15; 5.19).
Quanto aos desviados, há duas classes: Os que têm saudade, desejam voltar, oram e ficam comovi­dos quando se lhes fala a Palavra de Deus, enfim, continuam com a mensagem do Evangelho no cora­ção. Nesse grupo estão os melindrados, queixosos, feridos, escandalizados, para os quais necessitamos muita graça, tato e paciência para tratar com eles. (Vide Pv 18.19.) Para desviados como os acima des­critos podemos mostrar:
1.    O caminho de volta para Deus (2 Cr 7.14; Is 55.7).
2.    O grande amor de Deus para com os desviados (Is 43.23-25; Jr 3.22; Ez 18.23.30-32; Os 14.1-4; Lc 15.32).
3.    Exemplos de como Deus aceitou outras pes­soas na mesma situação, mostrando a sua miseri­córdia e amor:
o    apóstolo Pedro (Mc 16.7).
o    Manasses (2 Cr 33.2,12,13).
Se o desviado clamar, Deus o ouvirá (Dt 4.29,30; Lm 3.31,32,55-57; Jn 2.1,2). Aqui em Lm 3.31, devemos compreender que não existe o que chamam de “rejeição divina”. Em Gl 5.4, “cair da graça” significa o homem rejeitar o princípio da justificação, que é unicamente pela fé. (Lede o con­texto do dito versículo.)
A outra classe de desviados compreende os indi­ferentes, os insensíveis, os blasfemos, os apóstatas. Para esses, só a misericórdia de Deus. Podemos fa­lar-lhes perguntando:
·         Que falta o Sr. encontrou em Deus para aban­doná-lo? (Jr 2.5).
·         Em que tempo o Sr. vivia mais feliz: quando servia a Deus, ou agora quando o abandonou? (Sl 1.1; 119.1).
Podemos também falar-lhes que:
·         a ira de Deus é contra os que voltam atrás (1 Rs 11.9);
·         não desprezem os avisos solenes de Deus (Os 4.6; Am 4.11,12). Vemos aqui que os filhos do des­viado podem vir a sofrer.
·         O resultado de permanecer desviado (Jr 2.13,19; Ez 18.24; 2 Pe 2.20-22).