Indiferentes à Graça do Pai
Todos já experimentamos o desprazer de dar um presente a alguém, com a melhor das intenções, e descobrir que houve indiferença da pessoa que o recebeu. As razões para a indiferença são múltiplas. A pessoa aguardava algo melhor, mas ao abrir o embrulho descobriu que o presente não tem serventia prática. Os pastores somos vítimas de presentes sem serventia. Apenas mais um objeto para acumular pó. Que o digam as placas de latão comemorativas de efemérides sem significados. Alguns presentes são tão péssimos que servem apenas para tristeza de quem o recebe. Não podem ser trocados ou devolvidos, o que acumula o desconforto ao receptor. Tenho mais de duas dezenas de “presentes” inúteis. Dar a outra pessoa se constituiria uma ofensa dupla: Ao que meu deu o “presente” e à pessoa escolhida para receber o trambolho. Mesmo assim gosto de dar e receber presentes. Pelas experiências vividas, sou criterioso ao dar um presente a uma pessoa amiga. Prefiro os mimos úteis. Evito as lojas que vendem tranqueiras, embora bonitas, mas nada acrescentam à vida dos galardoados.
O tema de Missões Mundiais para o ano de 2011 leva-nos a refletir no presente (graça) que o Pai oferece a suas criaturas. Graça é presente imerecido, pois nada fazemos para merecê-la. Sem aniversários, nenhum serviço prestado, nenhum sentimento de gratidão ao Pai, Ele nos oferece a Graça perdoadora, mediante o sacrifício de Cristo Jesus na cruz. Não pedimos para que o Pai viesse nos socorrer. Não houve súplica por perdão. Perdidos, não buscamos a salvação. Contudo, mesmo assim o Pai manifestou sua Graça e a todos convida a recebê-la. É o que diz Paulo ao jovem Tito: “Porque a Graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2.11). Tal oferta deveria atrair todas as criaturas à fonte da vida, que é Jesus, uma verdadeira corrida para recebê-la e apropriar-se dos seus resultados. Mas, pasmem, persiste total indiferença à oferta do Pai.
Há os que não buscam a graça por desconhecerem a sua eficácia. Estão mortos em seus pecados. Como mortos não conseguem reagir à oferta da graça divina. Precisam ser tocados pela ação do Espírito Santo para poderem reagir. Pecador em coma não reage, não apresenta sinais vitais que os auxiliem a compreender a mensagem do amor do Pai. Surge desta realidade o desafio angustiante do apóstolo ao escrever Romanos 10.14: “Como, pois invocarão aqueles em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?”. Milhões desses moribundos podem ser alcançados pela graça do Pai. Falta alguém que lhes diga que a graça pode reabilitá-los e livrá-los da morte eterna. São indiferentes por não conhecerem a eficácia da graça. São semelhantes a certos enfermos que recebem tratamentos inadequados para suas enfermidades. Os médicos que cuidam da sua saúde não conhecem em profundidade os recursos da medicina e os remédios aplicados não produzem o efeito desejado, assim precisam mudar de clínico e de medicação, devem ser transferidos para outros hospitais, mais modernos, e para esculápios qualificados. Quando isto ocorre o milagre da saúde acontece. “Mude de médico”, é a recomendação que damos a muitos enfermos. Na vida espiritual não é diferente. Mudar de religião, de igreja, de doutrinas heréticas, do legalismo, do fundamentalismo, do liberalismo, dos cultos sem Bíblias, das mensagens dos manipuladores televisivos, dos rituais, dos ídolos mudos, dos pregadores de mensagens baixadas no sábado à noite da internet. Tais mudanças significam encontrar a fonte da graça salvadora.
Buscar na Palavra de Deus a verdadeira fonte da graça divina significa alcançar cura espiritual. A mensagem da graça é simples. Pecado é sempre pecado. Pecador é pecador. Arrependimento é arrependimento. Salvação é salvação. Salvador só um: Jesus Cristo. É impossível conhecer esta verdade simples e permanecer indiferente à graça do Pai. Mas há, para tristeza da causa de Cristo, os que conhecem a graça do Pai, que foram alcançados pela bondade divina, tomaram uma decisão e afirmaram crer em Jesus Cristo como Salvador e Senhor, mas levados pela displicência espiritual, pela preguiça em estudar a Bíblia, pelo abandono aos cultos, pela não frequência à EBD e por darem ouvidos às insinuações de Satanás – que desviou seus olhos de Cristo para olhar “salvos” não comprometidos com o crescimento espiritual (Efésios 4.13) – tornaram-se indiferentes à graça do Pai. Encaixam-se na triste mensagem de Gálatas 5.4 e Hebreus 6.4-6, caíram da graça ou jamais provaram a graça de Cristo. Prefiro a segunda alternativa. São indiferentes à graça do Pai porque jamais provaram da graça salvadora de Jesus. Precisam da graça tanto quanto aqueles que jamais ouviram da graça do Pai. Por isso a mensagem da graça há que ser anunciada na igreja local aos que vivem assentados nos bancos dominicalmente, mas não geram os frutos da salvação. Como também há de ser anunciada até os confins da Terra aos que jamais ouviram do amorde Cristo. A graça é para todos os que se revelam indiferentes,sejam eles membrosde igrejas, evangélicos nominais ou cita (o mais bárbaro dos bárbaros) que jamais ouviu de Jesus.
É responsabilidade de todos os salvos compartilharem a mensagem da graça do Pai com toda criatura.
Julio Oliveira Sanches
Fonte: O Jornal Batista.